terça-feira, 24 de novembro de 2009

Como os Gregos pensavam o mito

por Robson Rodrigues Mendonça

O pensamento ao qual se irá falar retrata a busca das civilizações por entendimento do mundo a sua volta e das reações internas que o ser humano, em geral, comete nesse processo. Nesse sentido, o mundo grego se torna pioneiro em retratar essas relações de forma que traduza a realidade na íntegra, ao relatarem episódios em que os deuses interpelam os homens e, assim, os poetas tentam traduzir as crenças e o imaginário popular.

Mythos[1]

A concepção atual de nossa sociedade ocidental é derivada desse pensamento a cerca dessas divindades descritas pelos gregos.
Os contos fantasiosos, as tragédias, as guerras e tantos outros episódios, retratados através da literatura, são os marcos de um pensamento alegórico que visava explicar a realidade vivida através da compreensão do transcendente. Estes que traziam, em seu conteúdo, histórias em que os Deuses, cultuados pelo povo grego, interviam diretamente na realidade e no dia-a-dia das pessoas.
O mito aparece como uma explicação dos fenômenos ainda não desvendados pelo homem e, nesse sentido, são atribuídos aos Deuses tais fenômenos. De forma fantasiosa e simbólica, tentava-se explicar os acontecimentos da sociedade. Essa era uma tradição que antes de terem suas histórias compiladas pelos poetas, se transmitia de forma oral.
Os poetas, estes que eram transmissores dessa rica cultura, tinham sua importância na educação e na formação espiritual do Homem grego. Este fato denota o pioneirismo desse povo que se diferencia neste ponto das demais civilizações que não davam tanta importância a seus poetas.
O mito, em si, carregava o espírito desse povo e como na Teogonia de Hesíodo, que busca explicar a origem dos Deuses, consequentemente, o surgimento da civilização, explicar a realidade de uma forma condizente com as crenças populares.
Muitos desses Deuses narrados na Teogonia coincidem com partes do universo e com fenômenos do cosmos e, por isso, passa a ser chamada também de “cosmogonia” que é uma explicação mito-poético e fantasiosa da construção do universo de fenômenos do universo.
O mito no mundo grego, por apresentar tais características que de certa forma são retratações da realidade, é considerado fundamento (suporte) essencial para que alguns pensadores dessa tivessem a possibilidade de elaborar uma forma crítica de pensamento que chamamos filosofia.


Referências

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia. São Paulo: Paulinas, 1990-1991. v. 1

VERNANT, Jean Pierre. Mito e sociedade na Grécia antiga. 2. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1999.
[1] Palavra grega que significa mito.

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